Fé significa confiança, crença, credibilidade. Essa palavra tão pequena, com apenas duas letras, mas com um enorme significado, resume, ao meu ver, o relacionamento de Raphaelly e Mateus.

É que tantos foram os motivos para, desde o namoro, eles, talvez, desistirem um do outro, do casamento… mas, movidos pela fé no amor um pelo outro, das respectivas famílias, em Deus, em Nossa Senhora da Conceição, que o 7 de dezembro de 2022 foi o dia mais feliz das vidas deles: “O que mais tinha no meu casamento era amor, saudade, celebração; eram as coisas não palpáveis, e nelas percebi onde estavam todos”, disse a noiva.

Sem mais “delongas”, o Final Feliz deste casal que, após receberem o sacramento na Igreja Nossa Senhora de Piedade (Rua do Lima), receberam os 200 convidados no Fiordes, e foram parar no Marco Zero. Leiam até o fim e vocês verão que, sim, o amor existe.

Depoimento da noiva:

Eu e Matheus nos conhecemos na faculdade, eu fazia licenciatura em Educação Física e ele bacharelado em Educação Física, e tínhamos muitos amigos em comum. Sempre falávamos um assunto: o Sport; nós dois somos alucinados por futebol, principalmente pelo Sport, que acabou sendo as nossas primeiras trocas de situações. A partir daí fomos nos aproximando, eu brinco que ele era Matheus, depois virou Matheuzinho, depois virou, como todo mundo conhece, De Amor.

As nossas primeiras mensagens trocadas sempre eram baseadas no time, nos jogos, nos resultados. Fomos nos aproximando e percebendo que o Sport é a única coisa em comum, fora isso, não temos nada: eu agitada, ele calmo; eu impaciente, ele totalmente paciente; eu a “briguenta” da história, ele o compreensível. Mas assim nos aproximamos e percebemos que as diferenças não nos separavam, mas, nos uniam, e nos faziam ter um ponto de equilíbrio em comum.

Sem nem imaginar o quanto seria aquilo, começamos a namorar, as nossas famílias são muito presentes, os meus pais e os pais dele também, e essa situação das presenças dos pais, essa vivência do amor em família, foi aumentando o nosso elo. O nosso relacionamento foi ficando mais sério e noivamos em 2018, mas, antes mesmo, eu já sabia que Dani seria a minha cerimonialista, porque ela foi a do meu irmão, e a nossa energia bateu, sou muito assim. Enquanto Matheus é razão total, eu sou de energia, por isso, precisava ser ela.

Sempre fui aquela noiva que queria planejar tudo, “nos mínimos, dos mínimos, dos mínimos” detalhes, e ele aquele noivo que estava presente, mas, sempre estava tudo bom. Até porque, o casamento sempre foi um sonho meu, sonhado junto com o meu pai, um sonho nosso de criança. Não posso negar que o planejamento foi muito mais leve porque tínhamos Dani conosco, então, as reuniões eram sempre com “crises de risos”, mesmo com as situações da pandemia. Precisei mudar a minha primeira data para maio. Em maio de 2020, perdi o meu avô, que eu era a “bibelô do vovô”, por isso ele seria o nosso pajem; foi a nossa primeira perda forte. Repensamos, mudamos a data, adiamos para maio de 2021, mas, em março de 2021, meu pai faleceu de covid, foi a maior perda das nossas vidas. Então tudo mudou mais uma vez. Repensamos em muitas coisas. E em todos aqueles momentos difíceis eu sempre tinha Dani ao meu lado, apoiando. Naquele momento não sabia de mais nada: quando e nem se ia casar, como eu iria me portar para entrar na igreja, então foi tudo muito complexo.

Para você ter uma ideia do quanto o casamento foi esperado por nós dois: no Dia dos Pais de 2020, Dani deu um lenço de tecido de presente, cuja ideia era simbolizar o momento da entrada do pai na igreja, e, usá-lo quando se emocionasse… e o meu pai guardou a peça para me levar a De Amor. Então existia toda particularidade, um preparo do nosso momento.

Eu nasci no dia de Nossa Senhora da Conceição, a quem sou muito devota, então, a ideia de eu casar no dia 07 de dezembro foi do meu irmão, nós somos muito parceiros, sempre temos um ao outro em todos os momentos. Então, casar na véspera do dia dela, acabou me dando uma consciência, uma tranquilizada grande. No dia 06 de dezembro subi o morro sozinha, com intuito de pedir paz e tranquilidade, e no dia seguinte amanheci com o sentimento de ser o dia mais feliz da minha vida, que eu tinha certeza de que as duas perdas recentes estariam lá, e quem acompanhou o processo sabe que o meu avô descansou, já o meu pai não, foi uma perda repentina; ele foi internado e faleceu com menos de 15 dias, foi um baque muito forte.

No meio disso tudo, tive fornecedores que me deram um respaldo e uma confiança muito grandes; todos eles foram pensados junto com Dani, de uma maneira que eu tivesse total segurança, sobretudo porque o meu pai me acompanhou no processo e em todas as decisões. Com certeza isso também me tranquilizou bastante, afinal, eu sabia que ele estaria tranquilo por eu estar com pessoas ao meu redor nas quais meu pai confiava. No dia do casamento estava bem tranquila, fui ao hotel. Antônio fez uma das mais lindas surpresas de todas: imprimiu várias fotos do meu pai, a saudade bateu, chorei.

Antes de eu entrar na igreja, com as portas ainda fechadas, eu li uma carta para o meu pai, eu sabia que ele estava ali naquele momento, sendo representado fisicamente por tanta gente. Depois entrei, de forma leve, como planejei, com a música que eu queria, eu via ele em tudo na igreja; eu estava muito realizada e tranquila no que estava fazendo.

A festa sempre foi algo planejado. Sempre celebramos tudo na minha casa, por isso, era o ápice. Estava com o vestido de princesa tão sonhado, e o meu pai chorou quando me viu na prova. A primeira banda foi uma orquestra que o meu pai adorou, a segunda banda foi surpresa do meu irmão, uma orquestra de frevo, a melhor parte da festa; e acabei ficando emocionada porque tocaram o hino do Galo e eu sempre ia com o meu pai. E Rafa, um querido, que tocava na minha casa nos tempos da Expresso Folia, chegou cantando Galo eu te Amo. Eu amei todos os fornecedores, mas, de Dani, nem tenho como dizer porque não tem como a superar; sempre digo: gosto dela de olhos fechados, abertos, e cheio de lágrimas, sejam de alegrias ou tristeza. E Antônio… sempre disse a ele que queria encerrar a festa no nome Recife, no Marco Zero. E assim fizemos no meu primeiro aniversário sem o primeiro beijo de parabéns do meu pai, e foi o aniversário mais feliz da minha vida. O que mais tinha no meu casamento era amor, saudade, celebração; eram as coisas mais palpáveis, e nelas percebi onde estavam todos.

O meu casamento não foi nada como planejei em termos de momento, das perdas, mas, chega um certo ponto da vida que você percebe que não decide nada, Deus quem o faz por nós, então, foi simplesmente perfeito, pois, foi como Ele planejou”.

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